“Mulher, eis o teu filho... filho, eis tua mãe”
Todo o tumulto do dia mais trágico da história agora parece diminuir. No alto do Gólgota, destacam-se apenas três pessoas: Jesus agonizante, sua mãe e João, o discípulo amado, capaz de amar com dedicação total, sem medo de morrer. Como Maria. Neste momento se distinguem algumas breves palavras: curtas, mas intensas, vitais, cheias de poder criativo, tão cheias de amor: “Mulher, eis aí o teu filho ... Eis aí a tua mãe”. A entrega da Mãe ao discípulo é a prova suprema de amor deixado a nós por Jesus. Uma luz brilha, em uma cena horrível de morte é um ato admirável da criação. Maria representa aqui a nova Eva da qual nasce a nova geração: a semente dos filhos de Deus. Mulher, eis aí o teu filho!
Enquanto está na cruz a consumir a dor enorme no coração da paixão, Maria é investida de uma maternidade espiritual e universal que faz com que ela seja realmente grande, mais do que qualquer outra criatura. Torna-se a mãe de toda a humanidade. Eis a tua mãe! Que segurança e que responsabilidade! João a leva consigo para refrescar-se como uma criança, mas também para cuidar de uma mãe que teve um amor imenso e uma profunda reverência e devoção. A partir deste momento, Maria é a Mãe da Igreja e nossa Mãe na medida em que nós temos com Jesus um relacionamento vital, participando do mistério da redenção, como membros do seu próprio corpo. Nossa vida é, portanto, enraizada na cruz de Jesus sobre a estabilidade de Maria e na fidelidade de João. Nascemos ali, naquela hora, do coração transpassado de Cristo e que nos foi confiado por ele para o coração da mãe. Então, nós nascemos como filhos de Deus e nascemos como uma Igreja, assim nós nascemos também como mãe, porque Maria é Mãe e Filha da Igreja, como mãe e filha de seu Filho.
Confiamos nela, a recebemos em nossa vida, como uma mãe a amar, honrar, ouvi-la, para obedecer às suas sugestões, para andar com seu auxilio no caminho da luz, como verdadeiros filhos de Deus.
Frei Valdo Nogueira – OFM Conv
Vigário Paroquial
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